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Valorização e formação continuada de professores, uma agenda essencial

Valorização e formação continuada de professores, uma agenda essencial

Esta é uma agenda relativamente nova da educação pública no Brasil, já que o tema sobre os professores, urgente, jamais foi tratado com a importância de hoje

O Brasil vive um momento de (re)construção da carreira docente, com avanços recentes em políticas de valorização, formação inicial e continuada, e reconhecimento da importância da profissão para a qualidade da educação básica. Mas, apesar dos esforços, persistem desafios estruturais que exigem atenção urgente.

Panorama atual da docência no país

A educação básica brasileira conta com cerca de 2,3 milhões de professores registrados. 

Em 2023, de acordo com dados divulgados pelo MEC (Ministério da Educação), cerca de 41,7% dos docentes participaram de alguma ação de formação continuada naquele ano.

Ainda assim, muitos profissionais seguem sem especialização adequada à área em que lecionam, uma carência histórica que corrói a qualidade do ensino. Documentações relacionadas ao cumprimento da meta 15 do Plano Nacional de Educação (PNE) apontam que a proporção de docentes com formação superior adequada segue abaixo do ideal. 

Esse quadro demonstra que, embora exista um corpo docente numeroso, não basta quantidade: qualidade, formação e apoio contínuo são cruciais para transformar a educação.

As iniciativas recentes: política, incentivo e oportunidades

Nos últimos anos, o MEC lançou programas e abriu frentes para tentar reverter o histórico de desvalorização da profissão docente. Entre os destaques estão:

Na prática, essas medidas representam mais do que bônus temporários: tratam-se de um esforço institucional para estruturar a carreira docente, com ênfase em formação, estabilidade e reconhecimento.

Os gargalos da valorização docente

Apesar dos avanços, há obstáculos persistentes que ameaçam tornar essas iniciativas apenas simbólicas, como a meta do PNE de que todos os professores da educação básica tenham formação específica de nível superior em licenciatura adequada à área de atuação ainda não foi alcançada.

A taxa de participação em formação continuada, mesmo com o crescimento, continua modesta frente à necessidade. Embora 41,7% dos docentes tenham participado de formação em 2023, mais da metade segue sem esse tipo de atualização.

Também, a escassez de docentes, apontada por relatórios nacionais e internacionais, permanece um problema estrutural. O relatório global recente da UNESCO alerta: há urgência em valorizar e apoiar a profissão docente para garantir sistemas educacionais resilientes.

Além disso, a desvalorização histórica da profissão, a precarização de contratos em algumas redes e a descontinuidade de políticas em diferentes gestões dificultam a consolidação de uma carreira docente de longo prazo. 

Especialistas defendem que o novo Plano Nacional de Educação 2034‑2044 (PNE) assegure perenidade de salários e de políticas de valorização, em vez de bônus pontuais, como enfatizou a vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Fernandes de Carvalho, na comissão especial, em audiência pública na Câmara dos Deputados. “Nós precisamos ter perenidade dos salários nas carreiras para, junto às condições de trabalho, realizar o nosso trabalho na escola pública de forma contundente e organizada”.

Ou seja: avanços há, mas falta a consolidação de um sistema que institucionalize a valorização docente como regra, e não exceção.

Por que a valorização e a formação de professores são fundamentais para o futuro da educação

Investir em professores é investir diretamente na qualidade do ensino. Diversos estudos, e também o próprio governo, reconhecem que o docente é o fator intraescolar que mais impacta a aprendizagem dos alunos. No Brasil, é estimado que o professor responda por 65,7% dos resultados de aprendizagem no ensino fundamental, e por cerca de 47% no ensino médio. 

Formação continuada, atualização pedagógica, especialização e valorização salarial são elementos essenciais para garantir que a escola pública ofereça ensino de qualidade, equidade entre redes e que os educadores consigam atuar com dignidade, motivação e competência.

O que o país deve exigir agora

Para que as recentes iniciativas deixem de ser sinais isolados e se transformem em mudança estruturante, é imprescindível:

Por que esta pauta importa, e deve ser cobrada pela sociedade

A valorização e a formação continuada de professores não são um “detalhe” da política educacional, são o alicerce. Sem professores bem formados e motivados, sem reconhecimento social e remuneratório, não existe educação pública de qualidade.

Para um veículo como o Educação & Tendência, um site de notícias e análises dedicado a acompanhar as transformações do setor educacional no Brasil e no mundo, esse tema é urgente e convoca sociedade, estados, municípios, União, educadores e estudantes para olharem com seriedade para a docência. Porque educação de qualidade começa com quem ensina.

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