Ferramentas de autoconhecimento ganham relevância e a ciência fundamenta um olhar mais profundo para a Engenharia Educacional
Escolher uma profissão não é apenas decidir “o que fazer da vida”. Para um jovem, essa decisão carrega peso emocional, expectativas familiares, insegurança diante do futuro e, muitas vezes, a sensação de não estar pronto para dar um passo tão grande.
É nesse cenário que ferramentas de autoconhecimento ganham relevância. O modelo RIASEC, que organiza interesses em seis grandes grupos (realista, investigativo, artístico, social, empreendedor e convencional), é uma dessas ferramentas. Ele funciona como uma lente: ajuda a enxergar com mais clareza certas inclinações, mas não esgota a complexidade do processo.
A ciência que fundamenta esse olhar mais profundo é a Engenharia Educacional. É dela que surgem as bases para entender não só o que um estudante gosta de fazer, mas também porque ele muitas vezes não consegue transformar interesse em resultado. O RIASEC, nesse sentido, é apenas um recorte de algo maior: a análise de ecossistemas de aprendizagem e das forças que moldam o desempenho humano.
E aqui está a verdade incômoda que costuma ser esquecida: quanto mais pressionados estão, menos os jovens aprendem. Hoje, não faltam alunos que se esforçam até a exaustão, mas colhem resultados cada vez mais baixos. Isso não acontece por falta de inteligência, mas porque o cérebro, quando sobrecarregado emocionalmente, aciona o modo de sobrevivência antes de qualquer tentativa de aprendizagem. O rendimento despenca exatamente no momento em que mais se cobra excelência.
Um exemplo simples ajuda a entender: basta lembrar de qualquer situação em que uma prova importante, uma apresentação em público ou mesmo uma entrevista tenha sido prejudicada não pela falta de preparo, mas pelo nervosismo.
O conhecimento estava lá, mas não “saía”. Esse bloqueio não é exceção, é regra quando o estresse ultrapassa determinado limite. Se isso ocorre em um episódio isolado, imagine o efeito cumulativo quando o ambiente escolar inteiro mantém os jovens em estado de alerta constante. Essa constatação não é opinião: é um dado neurocientífico, já amplamente comprovado.
É por isso que o caminho para decisões de carreira mais sólidas não passa apenas por “escolher o que se gosta”. É necessário criar condições internas e externas para que o estudante possa realmente aprender, se desenvolver e sustentar suas escolhas. A Engenharia Educacional organiza essa tríade de forma única: desempenho intelectual, bem-estar emocional e responsabilidade ética.
Quando esses três elementos estão integrados, o jovem encontra não só a clareza de rumo, mas também a confiança para segui-lo sem medo, sem desgaste desnecessário e com uma visão de futuro muito mais realista e consistente.
Fundador do curso pré-vestibular IntegralMind. Formado em engenharia pela Escola Politécnica da USP, atuou como docente e coordenador em diversos colégios e cursinhos de São Paulo.

