Iniciativa do Colégio Estadual Amanda Carneiro de Mello usa sistema de recompensas com moeda fictícia para promover presença e consumo consciente entre os alunos
Em uma escola pública de Castro, no interior do Paraná, a assiduidade dos estudantes está se transformando em motivação e aprendizado prático. O Colégio Estadual Amanda Carneiro de Mello, gerido em parceria com a Tom Educação, lançou o projeto Dinheirinho do Guarazinho, uma proposta criativa que une educação financeira à valorização da presença em sala de aula.
A iniciativa já mostra resultados expressivos. Em apenas três semanas, a escola registrou aumento contínuo na frequência, especialmente entre os mais de 100 alunos que participam ativamente do programa. A meta é ousada: alcançar 92% de presença geral até o final do ano.
Como funciona
O projeto distribui semanalmente uma moeda fictícia, o Guará, conforme o percentual de presença do estudante. Quem alcança entre 90% e 95% recebe 5 guarás; já aqueles com frequência superior a 95,01% recebem 10 guarás. A moeda pode ser trocada por itens escolares e lúdicos na chamada Lojinha da Frequência, instalada na biblioteca da escola.
“O modelo busca desenvolver não apenas o compromisso com a rotina escolar, mas também noções fundamentais de economia doméstica: planejamento, poupança, tomada de decisão e recompensa pelo esforço”, afirma o coordenador administrativo da escola, Alessandro Kremer, idealizador do projeto. Os produtos disponíveis — como lápis, estojos, jogos, cadernos e quebra-cabeças — têm preços a partir de 20 guarás, o que incentiva o acúmulo e a escolha consciente.
A ideia do coordenador foi acolhida e aprimorada com apoio da equipe pedagógica e da gestão da Tom Educação. Atualmente, o programa é operado de forma colaborativa entre os setores administrativo e pedagógico da escola, que também se responsabilizam pelo controle, reposição e organização dos itens da loja.
Impacto imediato
O projeto fez tanto sucesso que ganhou um mascote, o Guarazinho, criado pelo estudante Mateus Essig do Nascimento, do 7o ano do Ensino Médio da própria escola. O personagem conversa com a comunidade escolar nas redes sociais do colégio, gerando engajamento.
Entre os principais efeitos observados até agora estão o aumento da frequência escolar; maior motivação dos alunos, que relatam entusiasmo ao “comprar” com seus guarás; e mudança no comportamento, com estudantes mais comprometidos com a escola e interessados no planejamento de suas escolhas de consumo. Além disso, professores e coordenadores relatam um ambiente escolar mais leve e cooperativo, com alunos discutindo finanças de forma lúdica e realista.
Educação financeira desde cedo
De acordo com o coordenador, o Dinheirinho do Guarazinho é mais do que um sistema de recompensas: trata-se de um laboratório de economia cotidiana. “Ao planejar seus gastos e guardar os guarás para algo que desejam muito, eles vivenciam na prática o que é poupar e fazer escolhas com consciência”, afirma Kremer.
A experiência pode servir de modelo para outras instituições de ensino que desejem integrar conteúdos de educação financeira com ações práticas de engajamento escolar — tema, aliás, previsto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que recomenda o desenvolvimento de competências socioemocionais e de gestão financeira ao longo da vida escolar.

Jornalista, especialista em gestão de reputação e crises, autora do Guia de Crises de Imagem para Instituições de Ensino e fundadora da agência Central Press.
