Profissão professor: as dores e os amores 

Profissão professor: as dores e os amores 

Outubro é o mês em que se celebra o Dia dos Professores. Mas, afinal, o que temos para comemorar? A profissão que é a base de todas as outras, aquela que forma médicos, engenheiros, advogados e até artistas, parece viver um paradoxo: é essencial e, ao mesmo tempo, constantemente desvalorizada. 

Ano após ano, o magistério vem perdendo credibilidade, respeito e, o que é ainda mais grave, interesse por parte das novas gerações. Muitas universidades já encerraram cursos de licenciatura por falta de procura. E o que será do futuro quando os professores que hoje estão em sala de aula se aposentarem? Quem assumirá esse lugar de tamanha responsabilidade social? 

A falta de respeito ao professor é um fenômeno coletivo. Vem da sociedade, dos pais, dos alunos e, muitas vezes, até da própria categoria, que se vê ridicularizada em piadas e estereótipos que só reforçam a desvalorização. Dados revelam que o índice de afastamento de professores por problemas emocionais é altíssimo. Soma-se a isso os relatos de agressões físicas, verbais e morais, além da insegurança diante de processos e ameaças. Em contrapartida, convivemos com uma realidade em que jogadores de futebol recebem salários milionários, enquanto a média salarial do professor brasileiro é de R$ 4.867,77 para uma jornada de 40 horas semanais. 

A discrepância é gritante. O cenário é alarmante. Mas ainda assim, existe amor. Ser professor é carregar um chamado, um dom. É mais que transmitir conhecimento: é impactar vidas, despertar sonhos, abrir horizontes e gerar esperança. Os professores são movidos pelo olhar carinhoso de uma criança, pelo “eu te amo” rabiscado no canto de uma prova, pelo abraço sincero de um adolescente. Essas pequenas grandes recompensas fazem resistir, mesmo diante das dores. 

O legado de um bom professor ultrapassa o tempo. Ele se perpetua em cada aluno, em cada conquista que nasce a partir de uma sala de aula. Por isso, apesar das dificuldades, muitos professores não se veem em outra profissão. Choramos e sorrimos, sofremos e celebramos, mas permanecemos firmes, porque acreditamos que vale a pena. 

Fica aqui um apelo: que a sociedade brasileira passe a enxergar o professor em sua real dimensão. Que pais, alunos, governos e mantenedores reconheçam essa importância. Que as famílias confiem no trabalho docente. O professor sai de casa todos os dias com a nobre missão de entregar o que tem de mais valioso: o conhecimento, a dedicação e o amor. 

Mais do que um mês de homenagens, precisamos de uma mudança cultural. Que o respeito ao professor seja permanente, que a valorização seja prática e que o futuro do Brasil reconheça, finalmente, quem o constrói.