O que está acontecendo com nossas crianças e jovens? 

O que está acontecendo com nossas crianças e jovens? 

Uma reflexão urgente sobre o papel das famílias e da escola na formação das novas gerações de jovens e crianças

Com 33 anos de experiência na educação, faço a mim mesma uma pergunta quase todos os dias: o que está acontecendo com nossas crianças, adolescentes e jovens? Aonde e quando começamos a perder o rumo? A cada ano me deparo com situações que, anos atrás, seriam inimagináveis. 

Pais paralisados pelo medo de errar 

Vivemos um tempo em que muitos adultos parecem ter perdido a confiança em sua capacidade de educar. No medo de errar, muitos se paralisam e deixam de exercer a autoridade que o papel de pai e mãe exige. 

O resultado é visível: estamos diante de uma geração frágil, infeliz, dependente e, em grande parte, emocionalmente adoecida. 

Cada vez mais, jovens mostram-se incapazes de lidar com frustrações, de enfrentar desafios e de ouvir um simples “não”. Muitos acreditam que a vida se resolve de forma imediata, como em um clique de botão mágico. Esquecemos de ensinar que a vida é um processo – feito de dias bons e de outros nem tanto. 

A escola como aliada, não inimiga 

Nesse processo de formação, a família tem um grande aliado: a escola. É nela que a criança aprende a respeitar regras, enfrenta limites, convive com diferenças e se frustra – experiências fundamentais para a vida em sociedade. 

Entretanto, o que vemos em muitas situações é justamente o oposto. Ao menor sinal de frustração do filho, muitos pais desautorizam professores, questionam notas, ameaçam profissionais e, pior ainda, reforçam na criança a ideia de que ela está sempre certa. Assim, ao invés de fortalecer, enfraquecem a escola e, consequentemente, o próprio filho. 

O preço da omissão 

O jovem que cresce sem limites claros, corre o risco de se tornar um adulto mimado, inseguro e infeliz – alguém incapaz de lidar com a realidade. Os números crescentes de depressão e suicídio entre adolescentes e jovens são um alerta doloroso desse processo. 

É preciso lembrar: a maior prova de amor que se pode dar a um filho não é poupá-lo da vida, mas prepará-lo para ela. Educar exige coragem, firmeza e constância. Exige dizer “não”, estabelecer regras, cobrar responsabilidade, estar presente. 

Um chamado às famílias 

Nossas crianças e jovens estão clamando por direção, por pais que não desistam de educar. É natural errar – todos nós erramos –, mas a omissão e a conivência têm consequências graves. 

Pais, não terceirizem sua responsabilidade. Busquem orientação, assistam palestras, leiam educadores e filósofos como Léo Fraiman e Mário Sérgio Cortella. Ouçam os profissionais da escola de seus filhos: eles não são adversários, são aliados. 

Educar é um desafio diário, mas é também um ato de amor e de responsabilidade intransferível. O futuro de nossas crianças depende da coragem dos adultos de hoje.