Educação na COP 30: o novo eixo global da ação climática

Educação na COP 30: o novo eixo global da ação climática

A educação assume o protagonismo da transição climática, que começa na sala de aula, e a escola virou peça-chave na luta global contra a crise climática 

A COP 30, que está sendo realizada em Belém em 2025, marca um ponto de virada na forma como o mundo enxerga o papel da educação na agenda climática. Se em conferências anteriores o tema aparecia apenas de maneira periférica, agora ganha protagonismo: educar para o clima deixou de ser um luxo idealista e passou a ser reconhecido como uma estratégia central para a sobrevivência das próximas gerações, e para a capacidade dos países de implementar, de fato, políticas de mitigação e adaptação.

A UNESCO vem reforçando que nenhum país conseguirá enfrentar a crise climática sem transformar seus sistemas educacionais. Por isso, a COP 30 dará destaque à Greening Education Partnership (GEP), uma grande coalizão internacional que busca “esverdear” a educação em quatro frentes: escolas mais sustentáveis, currículos alinhados à crise climática, formação docente especializada e engajamento comunitário. 

Durante a conferência, ministros da Educação e do Meio Ambiente de vários países participarão de uma reunião ministerial dedicada exclusivamente ao tema, algo inédito na história das COPs. O encontro deve lançar o GEP Dashboard, uma plataforma global que monitorará o avanço das políticas de educação climática em diferentes nações.

Outro ponto central será o debate sobre infraestrutura escolar sustentável. A UNESCO alerta que menos de 2% do financiamento climático global chega à educação, e que isso compromete a capacidade das escolas de se adaptarem às mudanças do clima. 

Potenciais transformações educacionais com a COP 30

A COP 30 deve pressionar governos e financiadores internacionais a investir em reformas estruturais, eficiência energética e melhorias arquitetônicas que tornem as escolas mais resilientes a eventos climáticos extremos. 

Além disso, novas diretrizes internacionais para prédios escolares sustentáveis serão apresentadas como referência para sistemas educacionais de todo o mundo. A formação dos professores também está no centro das discussões, bem como a literacia climática, que é a capacidade de compreender a ciência do clima e agir com responsabilidade ambiental, se tornou uma competência indispensável. 

A COP 30 pretende estimular países a fortalecer programas de capacitação docente, criando currículos mais integrados e avaliações que valorizem habilidades socioambientais. O entendimento é claro: preparar professores é preparar sociedades inteiras para enfrentar a crise.

Oportunidade educativa permanente

No Brasil, especialmente no Pará, sede do evento, o impacto já começou. Escolas estaduais estão sendo reformadas para atender visitantes da COP, mas o legado vai muito além da infraestrutura. Estudantes de diferentes regiões estão participando de projetos, feiras de conhecimento e iniciativas de investigação científica sobre sustentabilidade, relacionando a realidade amazônica com os desafios globais. A ideia é transformar a COP em uma oportunidade educativa permanente, não apenas um evento pontual.

A participação juvenil também será ampliada. Organizações internacionais, como o British Council, estão mobilizando jovens para atuarem como negociadores climáticos e multiplicadores de ações comunitárias. Programas que unem arte, cultura e ciência do clima reforçam que a educação ambiental não é apenas técnica: é também identidade, pertencimento e cidadania.

Ao colocar a educação no centro da COP 30, o mundo reconhece que a transição para um futuro sustentável depende menos de tecnologias sofisticadas e mais de pessoas capazes de tomar decisões informadas. A escola, seja ela amazônica, urbana, indígena ou rural, passa a ser vista como um espaço estratégico para formar cidadãos preparados para enfrentar a maior crise do nosso tempo.