VP de Educação da Fundação Lemann afirma que o país está caminhando na alfabetização, mas não no ritmo necessário para cumprir a meta de 80% até 2030
No dia 8 de setembro, celebramos o Dia Mundial da Alfabetização, um marco para refletir sobre conquistas e desafios no direito universal à leitura e à escrita. A data foi instituída pela UNESCO, em 1967, para destacar a importância da alfabetização e do combate ao analfabetismo globalmente, e ressaltar o papel fundamental da leitura e da escrita no desenvolvimento pessoal e social, sendo um direito que garante a cidadania e a autonomia.
No Brasil, esse compromisso vem sendo monitorado pelo Indicador Criança Alfabetizada (ICA), coordenado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em parceria com estados e municípios no âmbito do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
Em 2024, o ICA alcançou 59,2% de crianças alfabetizadas até o 2º ano do Ensino Fundamental, 3,2 pontos percentuais acima do registrado em 2023 (56%). Embora positivo, o resultado mostra que ainda há um longo caminho até a meta estabelecida pelo Compromisso Nacional Criança Alfabetizada: 80% das crianças alfabetizadas até 2030 e o ideal de universalizar a alfabetização no país.
Segundo Daniela Caldeirinha, VP de Educação da Fundação Lemann, o avanço indica que o Brasil está caminhando, mas não no ritmo necessário para cumprir a meta.
“O país ainda convive com profundas desigualdades: algumas redes conseguem sustentar políticas eficazes e colher resultados consistentes, enquanto outras, especialmente em regiões mais vulneráveis, enfrentam grandes dificuldades. Além disso, historicamente falhamos em manter a alfabetização como prioridade contínua em todos os níveis de governo”, explica.
Segundo ela, para mudar esse quadro e atingir a meta de 80%, é necessário colocar foco nas crianças que mais precisam, garantindo equidade e sustentação das políticas públicas.
“É preciso consistência e aprofundamento das ações. Isso significa: manter a alfabetização como prioridade política de forma sustentada, independentemente de mudanças de governo; investir de maneira desproporcional onde as crianças mais precisam — estados, regiões e redes municipais mais vulneráveis devem receber mais apoio técnico e financeiro; enfrentar com intencionalidade as desigualdades raciais de aprendizagem, que ainda são profundas; fortalecer a formação de professores e gestores, alinhada a práticas pedagógicas eficazes; e garantir mecanismos de acompanhamento que orientem políticas e intervenções rápidas nas redes de ensino”, aponta Daniela.
Alimentação e alfabetização: uma conexão direta
Outro aspecto essencial para o avanço da alfabetização está fora dos livros: a alimentação escolar. Pesquisas mostram que crianças bem nutridas têm maior concentração, energia e disposição para aprender.
“A relação entre alimentação e aprendizagem é direta e profunda. Uma alimentação adequada é condição para a alfabetização”, reforça Daniela.
Ela cita o estudo Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias, realizado pela Fundação Lemann, Itaú Social, BID e Rede Conhecimento Social, que revelou que 76% dos alunos consomem merenda escolar.
A aprovação da qualidade, no entanto, varia: chega a 83% no Sul e cai para 51% no Nordeste. O levantamento também mostrou que quase metade das famílias que consideram a merenda boa ou ótima não têm comida suficiente em casa, o que evidencia que a escola é, muitas vezes, a principal fonte de nutrição.
Com a expansão da escola em tempo integral, o desafio se intensifica: oferecer refeições de qualidade e em quantidade adequada. “A geração de conhecimento, dados e evidências é essencial para que políticas públicas enfrentem de forma consistente a questão da merenda escolar e assegurem que a alimentação não seja um obstáculo, mas uma aliada no processo de aprendizagem”, conclui a especialista.
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Entre conquistas e urgências
Apesar do avanço do ICA em 2024 e da ampliação das ações de apoio aos estados e municípios, o Brasil ainda precisa lidar com desigualdades regionais e históricas. Dados do IBGE mostram que a taxa de alfabetização da população acima de 15 anos é de 94,6%, mas estados como Alagoas e Piauí ainda não ultrapassaram 87%.
Neste Dia Mundial da Alfabetização, celebrar os avanços é importante, mas tão necessário quanto é reconhecer os desafios. O futuro dependerá da capacidade de manter a alfabetização no centro das políticas educacionais, fortalecendo professores, garantindo alimentação escolar de qualidade e, sobretudo, assegurando que nenhuma criança fique para trás.

Com 43 anos, Rafael Gmeiner é jornalista especialista em Produção de Conteúdo, especializado em Franquias, CEO da Agência VitalCom, do site Mundo das Franquias e do site Educação & Tendências. Atua há mais de 23 anos, com Jornalismo e Comunicação, tendo passagens por jornais impressos, televisão, rádio e sites. Também, é especialista em Assessoria de Imprensa, segmento em que já atua há quase duas décadas. Além disso, é produtor de conteúdo, em especial para o ambiente online, que requer técnicas de SEO, otimização de textos para melhor posicionamento nos buscadores. Há mais de 10 anos é especializado no setor de Franquias, no qual mantém o seu site de notícias. Além disso, é sócio de uma franqueadora. Entre os seus parceiros e clientes atuais estão a reconhecida jornalista Analice Nicolau; Mônica Lobenschuss, especialista em Growth Hacking, Estratégias de Negócios e Mídias digitais; e a rede de franquia Face Doctor. Rafael também já prestou serviços para o governo da Argentina, com ações específicas no Brasil.
