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Dia da Juventude e o futuro do país

Dia da Juventude e o futuro do país

Não temos nenhum curso técnico que faça referência direta à Inteligência Artificial, Big Data ou outras tecnologias que são parte do dia a dia hoje

Por Ana Inoue
15/08/2025 05h02 · Atualizado há 2 minutos

O Dia Internacional da Juventude foi celebrado nesta semana, em 12 de agosto, data que nos convida a olhar com seriedade para como o país se prepara para construir um futuro para os nossos jovens e as novas gerações.

E a eles oferecer o que há de melhor. Este melhor deve incluir tudo o que contribua para que o potencial das juventudes seja exercido. Isso se dá de múltiplas maneiras, como a partir de uma educação básica de qualidade e, também, uma educação voltada para o trabalho, que converse com as demandas do presente e, sobretudo, com as do futuro.

O Brasil vive um momento em que oferecer formações de excelência aos jovens é necessário e urgente. É nas nossas juventudes que mora o futuro do país. Repito um dado que sempre cito por sua importância na definição de qualquer política pública: temos 86,8% dos nossos jovens matriculados na educação pública. Ou seja, 86,8 % dos adultos que em breve governarão este país serão egressos das escolas públicas.

Portanto, se não cuidarmos da educação pública, comprometeremos o futuro de quase 90% da população adulta brasileira e, com isso, obviamente, o futuro do país. Na mesma linha, se não dermos formação profissional e acesso ao mundo do trabalho atualizado e contemporâneo, impulsionado por
transformações tecnológicas, pela riqueza cultural que temos, pela transição para uma economia de baixo carbono e pela urgência climática, estaremos igualmente comprometendo o futuro das nossas
juventudes e do país.

Se não atualizarmos nossas políticas públicas e práticas para formar profissionalmente e incluir produtivamente os jovens nesse sentido, corremos o risco de prepararmos essa parcela da população para um mundo que já não existe – e que certamente não terá espaço para todos.

Neste caso, o que faremos com milhões de pessoas sem oportunidade de trabalhar? Sejamos responsáveis! O futuro do trabalho é uma agenda transversal e as políticas para as juventudes precisam refletir isso. Por estarmos atrasados, não devemos perder mais tempo. O caminho mais eficiente virá de uma atuação intersetorial em prol da formação das juventudes. Somente com esforços em uma mesma direção e intercâmbio de inteligências teremos resultados efetivos no tempo que a realidade exige. Ainda dá tempo! Ainda podemos aproveitar o bônus demográfico que nos faz ser um país com mais jovens do que idosos.

Celebramos agora, também, 20 anos de políticas para as juventudes e que terá, como próximo passo, a criação de uma Política Nacional. Esse será um marco de retomada de articulações e ações para esse público. Essas datas são um motor para tirar do papel agendas transversais e trazer as juventudes para o centro da construção do presente e do futuro do país.

Estas efemérides são importantes para nos lembrar que temos uma tarefa importante a realizar: a modernização da educação e da formação profissional de olho no futuro. Um exemplo que sempre me chama a atenção é que não temos nenhum curso técnico que faça referência direta, por exemplo, à Inteligência Artificial, Big Data ou outras tecnologias que são parte do dia a dia hoje.

No Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), que define, atualmente, os 215 cursos técnicos que podem ser oferecidos no país, encontraremos cursos como o técnico em informática, em
desenvolvimento de sistemas, em manutenção e suporte para informática, mas nada que traga os cursos situados na fronteira do conhecimento tecnológico atual, que é o que atrai os jovens.

O CNCT é atualizado periodicamente e as mudanças precisam acompanhar a velocidade do mundo do trabalho. Ou seja: precisamos atualizar e modernizar a formação profissional que oferecemos e,
também, nomear os cursos de forma a comunicar aos jovens e à sociedade as prioridades do país.

Para que possamos avançar, a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) precisa caminhar na mesma velocidade das atuais transformações e as mudanças no Catálogo precisam ter como norte a inserção das
juventudes no mundo do trabalho do século XXI, voltado para o desenvolvimento social e econômico do país. Não se trata de fazer mudanças bruscas ou descoladas da realidade de cada território, mas de
conduzir um processo contínuo, baseado em evidências e diálogo com todos os setores. O futuro do trabalho é uma agenda transversal e estas políticas para as juventudes precisam refletir isso.

Atualmente há uma importante e oportuna iniciativa por parte do Ministério da Educação em torno da atualização desse Catálogo. Para isso, foi constituída uma Comissão Intersetorial com várias instâncias
governamentais, universidades, setor produtivo e sociedade civil. Um debate que precisa de contribuições e que vale a pena acompanhar.

Precisamos acreditar na potência das nossas juventudes e dar a elas a possibilidade de participarem ativamente na construção do nosso país. Isso se faz por meio de acesso à formação constante e, desde o início, uma participação digna no mundo trabalho.

Precisamos fazer isso para garantir ao nosso país um futuro próspero, justo e sustentável. Essa é a melhor forma de celebrar a efeméride desta semana: olhando para frente e construindo, juntos, o caminho para o amanhã.

Ana Inoue é superintendente do Itaú Educação e Trabalho, frente da Fundação Itaú com foco em educação profissional, juventudes e sua inclusão no mundo do trabalho.

Artigo extraído integralmente do Valor Econômico

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