Entenda os principais desafios, formação docente, currículo, avaliação, tecnologia, e veja estratégias práticas para reverter o quadro
Por que falar de Matemática agora?
A aprendizagem em Matemática no Ensino Fundamental segue como um dos pontos mais críticos da educação brasileira.
No Pisa 2022, os estudantes do Brasil alcançaram 379 pontos em Matemática, bem abaixo da média da OCDE, e 73% ficaram abaixo do nível básico de proficiência (Nível 2).
Nos indicadore Ideb 2023s nacionais, o mostra avanço nos anos iniciais (nota 6,0), mas estagnação/queda nos anos finais (5,0), com sinais de perda de aprendizagem em Matemática.
O que os dados revelam
- Baixa proficiência e desigualdade: além do desempenho médio baixo, o Pisa aponta forte influência do nível socioeconômico nos resultados de Matemática no Brasil; ainda assim, há casos de resiliência acadêmica (cerca de 10% dos estudantes em desvantagem entre os melhores do país).
- Pressão nos anos finais: análises do Ideb/Saeb 2023 indicam que, do 6º ao 9º ano, houve recuo no indicador de aprendizagem, com poucos estados avançando.
Onde estão os nós em sala de aula
- Transição do concreto ao abstrato mal conduzida: muitos alunos não consolidam operações e raciocínio proporcional nos anos iniciais, sofrendo na álgebra e na resolução de problemas nos anos finais. A BNCC já organiza o currículo em eixos (Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas, Probabilidade e Estatística), mas a implementação é desigual.
- Formação e suporte docente insuficientes: práticas centradas em memorização, pouca cultura de tarefas ricas, feedback e uso de erros como oportunidade de aprendizagem.
- Avaliação que mede, mas pouco orienta: escolas usam Saeb/Ideb para monitorar, porém, faltam rotinas de avaliação formativa e devolutivas que ajustem o ensino semanalmente.
- Desigualdades e tempo de aprendizagem: o contexto socioeconômico pesa (Pisa estima parcela relevante da variação explicada), e a recomposição pós-pandemia ainda é incompleta, sobretudo em Matemática.
Cinco estratégias de virada (com base em evidências)
- Foco nas habilidades essenciais por ano/série
Mapear, a partir da BNCC, os objetivos críticos de cada unidade temática e garantir espirais de aprendizagem (retomar, aprofundar, aplicar). Exemplos: pensamento proporcional (4º–7º), linguagem algébrica (7º–9º), raciocínio espacial contínuo. - Rotinas de problemas ricos e discussão matemática
Ao menos duas vezes por semana, propor problemas não rotineiros, com diferentes estratégias de resolução, socialização de raciocínios e rubricas claras de argumentação. - Avaliação formativa de alta frequência
Checks rápidos (5–10 min) a cada bloco de conteúdo, com feedback imediato e reensino planejado. Indicadores externos (Saeb/Ideb) servem para metas anuais; a correção de rota depende das avaliações de sala. - Tecnologia a serviço do professor
Evidências associam maior exposição qualificada à tecnologia a melhores notas em Matemática no Saeb (efeitos positivos em 5º e 9º anos). Usar plataformas adaptativas para prática espaçada, dashboards simples para identificar lacunas e tarefas manipuláveis digitais (geometria, gráficos). - Tempo instrucional e tutoria
Reforço semanal para grupos de alunos com defasagens específicas (foco em cálculo mental, frações, proporções, interpretação de gráficos), com metas quinzenais. Experiências internacionais e nacionais indicam que tutoria estruturada reduz rapidamente lacunas em Matemática.
Gestão e política pública: o que redes podem fazer
- Metas por etapa e eixo da BNCC: pactuar resultados por série (ex.: porcentagem de alunos ao nível adequado em Números/Álgebra) e monitorar bimestralmente.
- Formação continuada orientada à prática: planejamento conjunto, observação de aulas com devolutiva e bancos de tarefas de alta qualidade.
- Uso inteligente de dados: integrar resultados de avaliações internas, Saeb e Ideb para ações de recomposição, com foco especial nos anos finais do Fundamental, onde o Ideb patina.
- Equidade como eixo: políticas que enfrentem a influência do nível socioeconômico, tempo estendido, material estruturado, apoio a escolas em territórios vulneráveis, mirando ampliar a “resiliência acadêmica”.
O Brasil já mostra capacidade de avançar nos anos iniciais, mas precisa destravar os anos finais do Fundamental em Matemática. O caminho passa por currículo vivo (BNCC), avaliação formativa, tecnologia com propósito, formação docente situada e gestão por evidências.
Com foco e continuidade, é possível reduzir as defasagens e garantir que mais estudantes alcancem o nível básico, e vão além.
Com 43 anos, Rafael Gmeiner é jornalista especialista em Produção de Conteúdo, especializado em Franquias, CEO da Agência VitalCom, do site Mundo das Franquias e do site Educação & Tendências. Atua há mais de 23 anos, com Jornalismo e Comunicação, tendo passagens por jornais impressos, televisão, rádio e sites. Também, é especialista em Assessoria de Imprensa, segmento em que já atua há quase duas décadas. Além disso, é produtor de conteúdo, em especial para o ambiente online, que requer técnicas de SEO, otimização de textos para melhor posicionamento nos buscadores. Há mais de 10 anos é especializado no setor de Franquias, no qual mantém o seu site de notícias. Além disso, é sócio de uma franqueadora. Entre os seus parceiros e clientes atuais estão a reconhecida jornalista Analice Nicolau; Mônica Lobenschuss, especialista em Growth Hacking, Estratégias de Negócios e Mídias digitais; e a rede de franquia Face Doctor. Rafael também já prestou serviços para o governo da Argentina, com ações específicas no Brasil.

