A integração da família na rotina e nas atividades da escola

A integração da família na rotina e nas atividades da escola

A presença e o envolvimento dos pais podem contribuir diretamente para o desempenho escolar dos filhos

A participação ativa dos pais na vida escolar dos filhos é realmente essencial. No entanto, ela precisa ser viável, e isso começa pela compreensão da realidade. 

Muitos pais, sobretudo em grandes cidades, enfrentam uma rotina difícil: trabalham o dia todo, passam horas no trânsito e acumulam responsabilidades. Quando percebem, já se passaram dias, ou até semanas, sem conseguirem conversar de verdade com os filhos. 

“Mesmo com boa vontade, muitas vezes falta tempo, energia ou até clareza sobre como se aproximar. E, para piorar, vivemos em uma época de excesso de estímulos, notificações constantes, agendas cheias e pouco silêncio. Esse ritmo acelerado, dentro e fora de casa, cria um ambiente que pouco favorece qualquer aproximação verdadeira. Isso também impacta, e muito, o vínculo entre pais e filhos”, observa Marcel Raminielli Costa, professor e CEO da IntegralMind.

Como consequência, muitos pais, mesmo querendo estar presentes, não conseguem. Ou quando tentam, encontram resistência, silêncio ou até irritação. E a dor de sentir-se rejeitado por alguém que se ama pode ser paralisante. 

Primero passo: entender o aluno

A boa notícia é que essa aproximação não precisa ser difícil, invasiva ou pesada. Ela pode ser simples, respeitosa e transformadora. Na prática, o primeiro passo não é chamar os pais para “participarem da escola”, mas antes entender como está o aluno. 

Na IntegralMind, esse processo começa com um diagnóstico inicial: identificar onde o estudante está emocional e academicamente, o que sente, o que o preocupa e o que o motiva. 

A partir daí, a equipe, formada por professores, psicólogos, terapeutas e coordenadores, cria com ele um espaço de confiança e escuta. É dentro desse ambiente que surge uma abertura real para a aproximação dos pais, de forma natural e bem-vinda. 

“Não é possível estar presente na vida escolar de um filho sem estar presente em sua vida como um todo. A escola é apenas uma das janelas que mostram como o jovem está por dentro. Muitas vezes, os pais acabam afastados, não por falta de amor, mas por ausência de presença real”.

O papel da Engenharia Educacional é justamente esse: construir pontes. Entre aluno e aprendizado, entre ele e sua família, entre ele e seus próprios sentimentos. 

Quando esse espaço é estabelecido e o vínculo com os profissionais se fortalece, os pais passam a ser convidados a entrar naturalmente. Mesmo sem saber exatamente como agir no começo, com escuta, carinho e orientação, encontram maneiras de se aproximar. É nesse momento que o ciclo começa a mudar. 

“Quando essa ponte é criada, tudo se transforma. O aluno deixa de se sentir sozinho e passa a caminhar com apoio. Os pais deixam de se sentir excluídos e passam a participar. O que antes era tensão, vira confiança. O que era silêncio, vira diálogo. E o que parecia uma distância intransponível, vira reencontro”, ressalta o CEO da IntegralMind.

Como auxiliar os filhos no processo de aprendizagem

O envolvimento da família pode contribuir diretamente para o desempenho escolar das crianças. Pensando nisso, o assessor pedagógico da Mind Makers, Victor Haony, sugere atividades criativas que reforçam o aprendizado e fortalecem os laços familiares.

A presença da família no cotidiano dos filhos pode influenciar diretamente no desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Essa proximidade ajuda a lapidar habilidades importantes, como motivação, autoconfiança e hábitos de estudo. 

Nesse sentido, a participação dos familiares é fundamental, impactando na forma como os estudantes encaram a vida acadêmica e como lidam com os desafios ao longo do caminho. 

“O apoio educacional por meio da escuta ativa, da compreensão e do carinho dos pais auxilia a criança a enfrentar frustrações e a buscar soluções de maneira mais autônoma e confiante”, explica Haony. “Mais do que acompanhar boletins ou participar de reuniões escolares, esse apoio acontece no dia a dia: ajudando com lições de casa, propondo momentos de leitura, revisando conteúdos ou resolvendo problemas juntos”, destaca o especialista. 

Os pais precisam se interessar

Mesmo que os pais não dominem determinadas matérias, o simples ato de se interessar e aprender junto mostra ao filho o valor do esforço e da persistência. 

Assim, atitudes como ajudar em uma tarefa de Matemática, revisar um texto, pesquisar juntos um tema escolar ou organizar uma rotina de estudos em casa reforçam o aprendizado e estreitam o vínculo familiar. “Esses momentos não precisam, necessariamente, seguir os conteúdos escolares, mas devem inspirar o gosto pelo aprender”, acrescenta. 

Haony também chama atenção para um ponto importante: apoio emocional não significa dar respostas prontas. Existe uma diferença entre isso e ajudar a criança a compreender a questão para que ela mesma consiga responder. 

“Ao incentivar a autonomia e a responsabilidade, os pais ajudam no desenvolvimento de habilidades como interpretação, organização do pensamento e busca ativa pelo conhecimento”, explica. 

Além disso, esse apoio deve ser contínuo. “A família deve ser um espaço seguro, além dos muros da escola, servindo como referência e apoio para a vida. Por isso, é essencial estar sempre presente no processo educacional”, reforça.

5 dicas para criar um ambiente positivo

Para apoiar os pais nessa missão, o assessor pedagógico sugere 5 práticas criativas que ajudam a criar um ambiente positivo, de comunicação aberta e essencial ao aprendizado.

  1. Ensine por meio de jogos: criar dinâmicas de gamificação em casa, como quizzes, caça ao tesouro com perguntas ou jogos de desafios, pode tornar o aprendizado divertido e engajador. Além de estimular a participação ativa, aumenta o foco e torna o processo mais leve.
  1. Relacione os conteúdos ao cotidiano: trazer os temas escolares para situações do dia a dia facilita a compreensão. Usar Geografia para planejar uma viagem, Matemática para calcular ingredientes de uma receita ou compras no mercado, ou Ciências da Natureza para cuidar do jardim são exemplos que aproximam teoria e prática.
  1. Coloquem a “mão na massa”: atividades práticas ajudam a desenvolver raciocínio lógico, coordenação motora e autonomia. Pais e filhos podem construir juntos, maquetes ou robôs com materiais recicláveis, por exemplo.
  1. Tenha momentos de leitura com propósito: a leitura conjunta, acompanhada de perguntas e reflexões, estimula o hábito de ler, amplia o vocabulário, a criatividade e a capacidade de argumentação.
  1. Use a tecnologia como aliada: explorar aplicativos, jogos educativos e plataformas digitais em conjunto pode ser uma ótima forma de aprender. Recursos como o YouTube Edu e ferramentas de IA, como o ChatGPT, podem enriquecer esse processo.