O ambiente familiar, moldado pelos pais, tem impacto direto sobre o bem-estar psicológico das crianças e moldam a formação das crianças
Quando pensamos em educação infantil, muitas vezes, focamos no que os pais dizem aos filhos — conselhos, regras, orientações. Mas, um conjunto crescente de evidências aponta para algo ainda mais poderoso: o que os pais fazem, o seu comportamento cotidiano, acaba por servir de modelo, para o bem e, infelizmente, também para o mal.
A seguir, um panorama com dados concretos e consistentes que mostram por que “ser exemplo” não é um luxo, mas uma necessidade na criação de crianças e adolescentes.
Pais como modelos ativos: saúde, hábitos e atividade física
Um dos campos em que o papel-modelo dos pais aparece de forma mais clara é o da atividade física. O estudo O comportamento ativo dos pais está mais associado à atividade física extraescolar dos seus filhos, realizado com 1.030 pais, mães e filhos, constatou uma associação significativa entre o nível de atividade física dos pais e o tempo de exercício dos filhos fora da escola.
Mais especificamente: quando a mãe praticava pelo menos 151–300 minutos de atividade moderada ou vigorosa por semana, seus filhos tinham maior probabilidade de também se movimentar nos dias de aula.
Além disso, em O impacto dos comportamentos parentais no estilo de vida, hábitos alimentares, tempo de tela, padrões de sono, saúde mental e IMC das crianças uma revisão ampla sobre os efeitos dos comportamentos parentais na saúde infantil, aponta que pais com hábitos saudáveis, não apenas atividade física, mas, também, alimentação, padrões de sono e bem-estar emocional, favorecem melhores hábitos em seus filhos.
Ou seja: a simples ação dos pais de se exercitarem, comerem bem, manterem rotina e bem-estar, funciona como “espelho” e crianças tendem a imitar e incorporar esses hábitos desde cedo.
Ambiente familiar, tempo de convivência e bem-estar emocional
O tempo que os pais passam com os filhos também faz diferença. Uma pesquisa baseada na “China Time Use Survey (CTUS) 2017” revelou que quanto mais tempo de lazer e convívio os pais têm com os filhos, maior é o bem-estar infantil: o coeficiente estatístico do efeito positivo foi 0,102 (p < 0,01) para o tempo de vida e lazer das mães.
Quando o pai se envolve diretamente em interações educativas, como ajudar com dever de casa, ler, conversar, esse efeito tende a se intensificar.
Em contextos de afeto, diálogo e convivência estruturada, cresce a chance de as crianças desenvolverem autoestima, controle emocional e relacionamentos sociais saudáveis.
Por outro lado, famílias marcadas por conflitos, ausência de atenção ou negligência emocional tendem a apresentar maior incidência de dificuldades escolares, problemas de comportamento e dificuldades de socialização.
Ou seja: mais do que palavras, o tempo, a presença e a qualidade da convivência dão forma ao mundo interno da criança.
Educação, valores e socialização: comportamento dos pais como alicerce
A forma como os pais valorizam o conhecimento, o diálogo, os valores e as atitudes éticas também tem peso decisivo no desenvolvimento dos filhos. Famílias em que os pais demonstram interesse pela educação, formal ou informal, tendem a estimular o mesmo interesse nas crianças.
Essa influência, embora difícil de quantificar em um único número, tem sido apontada por diversas pesquisas como fator-chave para o sucesso escolar e para a construção de valores sólidos.
Além disso, pais que adotam uma comunicação respeitosa, promovem empatia, diálogo e cooperação em casa, preparam os filhos para a vida social: relacionamento saudável, convivência comunitária, cooperação e colaboração.
O contrário também vale: maus exemplos, como desrespeito, agressividade, negligência ou desinteresse, tendem a perpetuar comportamentos problemáticos, insegurança emocional e dificuldades de integração social.
Comportamento dos pais e saúde mental dos filhos: herança ambiental e, talvez, genética
Há evidências robustas de que o ambiente familiar, moldado pelos pais, tem impacto direto sobre o bem-estar psicológico das crianças. Por exemplo, um estudo genômico conduzido com trios pai-mãe-filho concluiu que o chamado genetic nurture (a influência ambiental exercida pelos pais, além da herança genética) explica que cerca de 14% da variância nos sintomas de depressão em crianças de 8 anos.
Outro trabalho recente mostra que pais com flexibilidade psicológica, ou seja, que conseguem lidar de forma mais adaptativa com as demandas emocionais do dia a dia, têm filhos com menos problemas de comportamento. Esse efeito é especialmente forte quando se trata da figura materna, provavelmente devido à maior proximidade no cuidado diário.
Isso significa que o exemplo dos pais em termos de saúde mental, controle de estresse, comunicação e estabilidade emocional pode ter impacto duradouro, não apenas no comportamento visível, mas na saúde psíquica e bem-estar das crianças.
O poder do exemplo consciente
Os dados não deixam dúvida: mais do que conselhos, mais do que regras, o exemplo concreto dos pais, em hábitos físicos, convivência, valores, atitudes e saúde emocional, é um dos fatores mais determinantes para a formação das crianças. Pais que caminham, se alimentam bem, convivem com os filhos, conversam, demonstram afeto e valores, criam ambientes favoráveis ao desenvolvimento saudável em múltiplas dimensões: física, social, emocional e cognitiva.
Por outro lado, negligência, desinteresse, tempo ausente ou modelos de conduta negativos “ensinam” o contrário, e deixam marcas que podem repercutir por toda a vida.
Para famílias, educadores e formuladores de políticas públicas, esse panorama aponta para algo essencial: investir, não apenas em pedagogia, mas, em apoio à parentalidade consciente, à saúde física e mental dos pais, e à valorização do tempo de convívio familiar. Porque, no fim, o que mais ensina não é o que se fala, mas o que se faz.

Com 44 anos, Rafael Gmeiner é jornalista especialista em Produção de Conteúdo, especializado em Franquias, CEO da Agência VitalCom, do site Mundo das Franquias e do site Educação & Tendências. Atua há mais de 23 anos, com Jornalismo e Comunicação, tendo passagens por jornais impressos, televisão, rádio e sites. Também, é especialista em Assessoria de Imprensa, segmento em que já atua há quase duas décadas. Além disso, é produtor de conteúdo, em especial para o ambiente online, que requer técnicas de SEO, otimização de textos para melhor posicionamento nos buscadores. Há mais de 10 anos é especializado no setor de Franquias, no qual mantém o seu site de notícias. Além disso, é sócio de uma franqueadora. Entre os seus parceiros e clientes atuais estão a reconhecida jornalista Analice Nicolau; Mônica Lobenschuss, especialista em Growth Hacking, Estratégias de Negócios e Mídias digitais; e a rede de franquia Face Doctor. Rafael também já prestou serviços para o governo da Argentina, com ações específicas no Brasil.
