Historiadores revelam que a educação na Idade Média foi fundamental para garantir a continuidade do saber e influências na sociedade atual
A educação na Idade Média traz curiosidades que ajudam a compreender como o conhecimento era preservado e transmitido, além de mostrar influências que ainda aparecem hoje.
“Apesar de muitas vezes lembrada como um ‘período obscuro’, é nessa época que surgem as primeiras universidades, florescem debates acadêmicos e o conhecimento clássico é preservado para chegar até nós”, esclarece o coordenador do Ensino Médio do Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR), Henrique Pedrotti.

Pesquisas de historiadores como Jacques Le Goff e Georges Duby revelam que a educação na Idade Média foi fundamental para garantir a continuidade do saber e influências na sociedade atual. Para explicar melhor sobre os costumes dessa época, Pedrotti destaca algumas curiosidades sobre a educação medieval:
As universidades surgiram na Idade Média
Bolonha, Paris e Oxford nasceram no século XII, formando profissionais em direito, medicina e artes. “Essas instituições foram fundamentais para consolidar o conhecimento e estabelecer padrões de ensino que ainda influenciam as universidades atuais”, explica o coordenador.
Os monges não eram os únicos letrados
Embora os mosteiros tenham sido grandes centros de saber, não eram exclusivos. Comerciantes, profissionais urbanos e algumas mulheres já dominavam a leitura e a escrita. “O acesso era desigual, mas o conhecimento circulava muito mais do que se imagina”, ressalta Pedrotti.
Mulheres influentes
A educação formal era mais comum entre a nobreza, mas muitas mulheres se destacaram. Um exemplo é Hildegard von Bingen, mística, cientista e médica do século XII.
Christine de Pizan também foi uma figura de importância, sendo uma das primeiras mulheres a viver da escrita. Os conventos eram locais importantes de aprendizado feminino.
Influências de outras culturas
Textos árabes e gregos foram traduzidos para o latim, expandindo os estudos em matemática, astronomia e medicina. “Essa troca cultural mostra como o conhecimento medieval era mais dinâmico e conectado do que muitas vezes acreditamos”, comenta Pedrotti.
Livros eram obras de arte
Manuscritos ricamente ilustrados, chamados iluminuras, ajudavam na compreensão de textos complexos e serviam como ferramentas visuais de aprendizado. Pelo alto custo de produção, os livros eram bem cuidados e fortemente “protegidos”, sendo manuseados apenas em ocasiões específicas e importantes.
Disputas acadêmicas
Debates públicos, conhecidos como disputatio, eram comuns entre estudantes e professores, estimulando o pensamento crítico e a argumentação. O teólogo e frade do século XIII Tomás de Aquino foi conhecido pelos debates com seus alunos na Universidade Sorbonne, em Paris.
Educação prática e ofícios
Artesãos, ferreiros e comerciantes aprendiam ofícios, muitas vezes geracionais, em oficinas e guildas desde cedo. “A educação medieval não se limitava à teoria; o aprendizado prático era essencial para a economia e a sociedade da época”, acrescenta o educador.
Música e poesia como disciplinas
Estudos musicais e poéticos faziam parte da formação das elites, desenvolvendo memória, criatividade e expressão cultural. “O aprendizado da música e da poesia não era apenas um passatempo, mas uma forma de preparar os estudantes para exercer influência cultural e social em suas comunidades”, relata o coordenador.
Educação como experiência
É notável que a Idade Média foi marcada por importantes avanços educacionais, com intensa criatividade e produção intelectual. Pensando nisso, o Colégio Semeador promove anualmente a Feira Medieval, que recria cenários, atividades e práticas da época, permitindo que estudantes e convidados vivenciem, de forma prática e lúdica, os conhecimentos, valores e habilidades que marcaram aquele período.
“Ao recriar esse cenário, a Feira Medieval oferece ao público a oportunidade de conhecer, de forma envolvente e crítica, aspectos da vida medieval, como costumes, crenças, avanços e contradições, além de estimular uma reflexão sobre como esses elementos ainda ressoam na sociedade atual”, destaca Pedrotti.

Jornalista, especialista em gestão de reputação e crises, autora do Guia de Crises de Imagem para Instituições de Ensino e fundadora da agência Central Press.
